O site
Prenda a respiração, não desvie o olhar da tela, não pense em mais nada a partir de agora sem antes executar o comando abaixo apertando no símbolo de “Play”.
Pronto, agora você está protegida contra a maldição do Hello World. No mundo da computação, nós programadores que tememos pela própria vida, sempre fazemos o computador escrever “Hello world” em uma tela preta, seguido de uma barra piscante. Nós fazemos isso usando um tipo de idioma que o computador é capaz de entender se escrevermos de um jeito específico em um ambiente que o computador consegue ler. É como escrever um roteiro para um ator extremamente burro e extremamente rápido, pois ele vai fazer exatamente o que você disse pra ele fazer, em poucos milissegundos. Ao mesmo tempo, é um roteiro onde, se você errar uma pontuação, nada mais fará sentido para o ator computacional, que se recusará a se quer entrar no palco. Apesar de positivista, agnóstico e de preferir tomar decisões com base em lógica, sou uma pessoa com superstições particulares. Tenho zero problemas com gatos pretos, sextas-feiras 13 ou qualquer outra superstição popular, mas nunca comecei o desenvolvimento de um software, principalmente em um “idioma de programação” novo, sem fazer o ator computacional, ou computador, escrever “Hello world”. E é assim que espero que comecemos a nossa relação de leitora e leitor. Com o pé direito. Ok, talvez essa seja uma superstição popular que eu tenho.
Ao mesmo tempo que a programação me deu mais uma superstição para me preocupar, foi a prática da pesquisa científica, juntamente com outras ferramentas da engenharia biomédica, que me fez atribuir um significado especial para a expressão da superstição. Nasci na cidade de Aquidauana, uma cidade de menos de 50 mil habitantes do Pantanal Sul-mato-grossense. A cidade é rodeada por morros que, para algumas pessoas, representam uma cerca que lhes impedirá de conhecer o mundo que existe por trás delas. Venho de uma família humilde, com uma mãe professora e um pai bombeiro militar. Fosse as condições de minha família e eu também seria uma dessas pessoas.
Felizmente, a prática científica foi o que me possibilitou tirar o “Olá mundo” do prompt de comando de um computador e fazê-lo pessoalmente. Eu e a Torre Eiffel, eu e o Relógio Big Bang, eu e Stonehenge, eu e o Letreiro de Hollywood, eu e o Muro das Lamentações, eu e a Notre Dame (antes do incêndio), eu e o Trono Real Inglês, eu e o Deserto da Judéia, eu e o Cristo Redentor, eu e o Grande Colisor de Hádrons na Suíça, eu e o topo da Massada, eu e a primeira edição de “Origem das Espécies”. Eu e o mundo.
Como pesquisador do campo da neurociência também sei que cada evento que acontece em nossas vidas nos muda. Mas não nos muda “apenas” comportamentalmente. Até mesmo as mudanças comportamentais, apesar de invisíveis a olho nu, representam uma mudança física na sua estrutura cerebral. A cada respirar, viver, se apaixonar, explodir de alegria ou implodir de tristeza, o jeito que seus neurônios estão ligados muda. Graças a prática científica e o entendimento básico sobre o objeto mais misterioso do Universo: O cérebro, sei que carrego cada parte do mundo que conheci, fisicamente, em mim, de forma que eu, como parte do mundo, pude fazer dele parte de mim.
Considero que ter grande parte do mundo em mim a vantagem que mais contribuiu para que eu fosse capaz de protagonizar feitos em vários setores da minha vida que me trouxeram minha maior realização: Estar plenamente feliz com quem eu sou hoje e com todas as decisões que eu tomei. Talvez para perceber isso tenha envolvido eu em uma ambulância, com 198 bpm de frequência cardíaca, durante uma hora, sentindo cada vinco das linhas das mãos de Caronte sob meu ombro. Mas isso é história, assim como várias das minhas, que merecem um post só para si. Feliz com quem eu sou não significa estar satisfeito. Mesmo após mais de uma década de exploração do mundo natural e imaginário, meu apetite pelo mundo, bem como conhecer quem o habita, e seus próprios mundos, só aumentou.
Esse prelúdio serve para explicar uma das minhas motivações para ter um site com um blog: compartilhar parte de meu mundo, responsável por me dar várias vantagens em diversos cenários, com você.
Para centralizar todas as formas que posso usar para compartilhar parte desse mundo com você está este site, feito para agregar textos, fotos, diagramas, vídeos, notícias, pesquisas e toda outra sorte de meio que eu julgar melhor para poder comunicar a mensagem que acredito que precisa ser comunicada.
Para o agregador de todos os meios escolhi o seguinte canvas: A cor padrão do tema do Dasilvaborges.com, lembra meu tipo de papel favorito em livros e cadernos de notas (“journals”): O papel pólen. Ele fornece um maior conforto ocular do que o meramente branco. Na mesma linha de conforto ocular para leitura e primeiro reflexo de customização está a escolha da fonte: Baskerville. Além de ser um dos meus livros favoritos do Sir Arthur Conan Doyle, é uma fonte serifada que reflete firmeza, seriedade na medida certa e um tom “neoclássico”, que o site inteiro acompanha. Além disso, sua cor não é totalmente preta, repelindo a ideia de dicotomias e de que não existe nada além do preto e do branco. Esta forma será perfeita para entregar o conteúdo do site e do blog que, assim como sua fonte e escolha de cores, acredita na máxima de Jobs (uma das poucas que eu acho que dá pra aproveitar de um ser como ele foi): “Stay hungry, stay FOOLISH.” Sendo minha interpretação em tradução livre: “Permanece ambicioso, mas não se leve tão a sério. Eu, em especial, tenho ojeriza por pessoas que nada produzem, nada conquistam e são só postura, expressões congeladas e olhares por cima. Por isso procuro ser o oposto, em cada expressão possível do meu manifestar no mundo.
Farol das Meditações
Sou o tipo de pessoa que batizou de “Prendendo Fantasmas em Robôs” uma pesquisa acadêmica na área de interface cérebro-máquina que acabou sendo internacionalmente premiada e apresentada a laureados com o prêmio Nobel.
O método que desenvolvi se aproveitava da Síndrome do Membro Fantasma para fazer uma pessoa amputada visualizar, controlar e sentir seu membro fantasma por meio de um braço virtual. Uma vez que os resultados dos experimentos apontaram para a criação de um novo paradigma de coleta de dados para o treinamento de modelos de controle de próteses robóticas de braço, uma pessoa usando uma prótese robótica controlada por este paradigma permitiria que essa pessoa estivesse “vestindo seu membro fantasma em um robô”.
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia.”
– Arthur C. Clarke
Depois de passar boa parte do tempo explicando que o título do projeto nada tinha a ver com esoterismo (prática mais frequente do que eu gostaria, visto que minhas pesquisas atuais que coordeno que permitem o controle de artefatos virtuais e robóticos com o pensamento e a comunicação com pessoas consideradas em coma), eu costumava dizer que toda a minha criatividade para nomear projetos havia sido usada. Abro uma exceção para um projeto de faculdade sobre o uso de machine learning e visão computacional para a criação de semáforos inteligentes que batizei de “LuxMuove”. É só falar em voz alta e se lembrar do que Galileu Galilei disse ao término de seu julgamento pela Inquisição para entender o porquê.
Um denominador é compartilhado pelas situações onde tive orgulho dos nomes que escolhi para batizar meus projetos: Ter outro título em mente até 5 minutos antes de decidir criar outro que eu nem estava considerando para começo de conversa. Foi assim com “Farol das Meditações”. Ele foi criado minutos antes que eu fizesse um dos posts durante a contagem regressiva para o lançamento deste site que fiz em minhas redes sociais.
Isso mostra que às vezes nossos construtos criativos criam vida própria, ajudando em sua própria criação, parto, vinda ao mundo. Todo pai e mãe de processos criativos já se deparou com músicas que não aceitam as melodias escolhidas, personagens de um livro que não querem o final feliz que inicialmente fora lhes designado, a sequência de frames e animações em um vídeo que insistem em estender uma cena para além do planejado ou a primeira pintura impressionista que se achou no direito de decidir que a melhor forma de representar o todo é pela soma finita de pequenas partes . No fim, obra e autor sempre se confundem.
O Farol das Meditações se apresenta como um repositório de ideias, reflexões, tutoriais, séries e o que mais couber no formato de textos, links, trechos de código, imagens, animações, etc. Por muito tempo pensei em alimentar mais meu canal do Youtube com material semelhante até perceber que eu era muito preciosista com a edição de vídeo e linhas narrativas para conseguir fazer disso um formato frequente. Isso não impede que algum dia alguns desses posts se transformem em um vídeo para lá e vice-versa. A vantagem da escrita para mim é poder montar e remontar, onde eu puder estar com meu celular ou notebook, narrativas apenas com o deslocamento de texto e mudança de expressões, ao contrário de escolhas de cenário, iluminação e momentos do dia onde eu não incomode os vizinhos com meu tom de voz naturalmente alto.
“Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.”
– José Saramago
Saramago que me desculpe, mas um dos meus objetivos com este blog é colonizar o maior número de cérebros possíveis com meus próprios vírus informacionais. Meu objetivo é doar e espalhar o maior número de posturas mentais funcionais que me ajudaram a sobreviver até aqui, que me puseram em uma condição de vida que eu trocaria por pouca coisa e que pode ser útil para você também. Digo “pouca coisa” pois um mega laboratório de neurotecnologia nos Alpes Suíços com acesso aéreo e entrada secreta seria falta de educação com o Cosmos de recusar. Essa é outra característica que o Farol das Meditações vai ter: Eu vou escrever na primeira pessoa, me dirigindo apenas a uma pessoa leitora, no singular e no feminino, uma vez que acredito que minhas leitoras estarão me lendo (sempre quis usar essa metonímia) sozinhas e são pessoAs. Se você não for umA pessoA, por favor me contate, existem prêmios em aberto para quem for capaz de apresentar seres sobrenaturais a certas organizações.
Da mesma forma que um farol é capaz de guiar embarcações que estejam procurando por sua luz-guia (está aí parte do prompt que usei no DALL·E do Bing para que ele se apropriasse do trabalho de outros artistas sem dar o devido crédito para criar a aberração que está na capa do blog), ele também é capaz de fazer embarcações à deriva encontrarem seu caminho de volta para a terra firme. Perdi a conta de quantas vezes um texto ou um vídeo com ideias bem encadeadas foram o meu farol até a terra firme. Por causa disso, vou conseguir justificar meu visto exclusivo de “trabalho” para o Planeta Terra a cada vez que você sentir que algum dos meus posts te serviu, algum dia, de Farol e você me deixar saber disso. Seja nos comentários do post ou na seção “Cont[r]ate-me”, vou saber que um dos meus objetivos de vida está sendo cumprido se eu puder contar com sua devolutiva. Esteja você procurando por ela ou não, a Luz do Farol das Meditações sempre estará aqui, ou até quando o Internet Archive permitir, para você.
“Meditações”, juntamente com “Enchiridion”, “Cartas a Lucílio” e “Sobre a brevidade da vida”, está entre meus tratados estoicos favoritos e que mais me ajudaram, me servindo de eixo e proteção contra a sujeira dos vieses cognitivos mundanos, os quais somos expostos diariamente. De tanto que essa proteção é eficaz que se tornou base da Teoria Cognitivo Comportamental (TCC), linha de psicoterapia que detém um dos maiores números de comprovações de eficácia, baseada em evidências. Infelizmente, a psicologia brasileira ainda é dominada pelos dogmas da psicanálise que, para início de conversa, nem ciência é (você foi alertada sobre o meu positivismo, continuou a ler porque quis). Uma vez que o estoicismo serviu desde escravos à imperadores, desde políticos até vítimas de naufrágios que destruíram todo seu patrimônio, julgo a homenagem no título do meu blog apropriada, uma vez que a Luz de seu Farol é destinada a pessoas de todos os substratos sociais.
Você é o começo e o fim desse Farol e para cumprir meu papel de bom faroleiro, vou sempre querer saber a sua opinião sobre como meu Farol está ajustado. A luz está chegando onde precisa? A abertura e angulação estão boas até em mares tempestuosos? Por isso, não deixe de comentar nos posts do Farol com seus próprios vírus ou anticorpos informacionais, caso concorde ou discorde de algo que estou disseminando aqui. Esteja você procurando por ela ou não, a Luz do Farol das Meditações sempre estará aqui, ou até quando o Internet Archive permitir, para você.
Por fim, não vou mentir que, depois de 1.000 posts aqui no Farol das Meditações, eu não espere tornar o 1º episódio da 2ª temporada de Black Mirror realidade, uma vez que já estou fazendo isso com a tecnologia de comunicação para pessoas em coma vista em Black Museum. Alimentar algum modelo de “inteligência artificial” com tudo que eu escrevi, principalmente o que revela minhas posturas mentais e ferramental para solução de problemas, deve saber o que eu responderia a algumas questões no futuro. Só espero que as técnicas computacionais estejam avançadas o suficiente para a incorporação de sarcasmo nas respostas. Isso, por si só, já garantirá 40% de acerto em todas elas. E justamente por causa disso vou tentar manter meus escritos, ou melhor, meu input de treinamento, o mais fiel possível ao que eu acredito e como eu sou, logicamente, até onde a patrulha do politicamente correto dos que cultuam seres humanos perfeitos imaginários permitir.
Que a Luz do Farol das Meditações sempre encontre você onde quer que esteja.
Há muito tempo esta luz me iluminou. Não uso papel, com raras e honrosas exceções, desde 96. Assim, não tenho preferência de papel. E,letras, as clássicas são respeitáveis como senhoras bem casadas, mas prefiro aquelas de vida mais livre.
E, encerrando o petit comentário, adorei com tudo, está ótimo!!!(o que não significa estagnação daqui para frente…) Great!!!
Bom te ver por aqui! Muito obrigado pelo comentário!